O mercado imobiliário tem sido um setor resiliente e em constante crescimento nos últimos anos, superando expectativas mesmo em meio a tantos desafios econômicos.
Durante a pandemia de covid-19, o mercado imobiliário brasileiro mostrou-se particularmente robusto, expandindo-se acima da média da economia nacional.
No entanto, o cenário recente apresentou uma queda nos indicadores do setor, especialmente no último trimestre de 2022 e no primeiro trimestre de 2023, conforme indicado pelo relatório da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
Neste contexto, as expectativas dos especialistas voltam-se para os próximos meses, considerando as ações e decisões que podem impactar o mercado imobiliário.
Com a manutenção da taxa Selic em 13,75% ao ano, as atenções estão voltadas para os próximos meses, nos quais se espera o início da redução dos juros. Essa possibilidade tem gerado otimismo em alguns setores, uma vez que a taxa básica de juros do país influencia diversas atividades financeiras.
Apesar das oscilações econômicas, o mercado imobiliário brasileiro já desenvolveu um sólido conhecimento para se adaptar às mudanças. Com a expectativa de redução dos juros, o setor demonstra resiliência ao enfrentar períodos de taxas elevadas, utilizando criatividade para atrair clientes e concretizar vendas.
Algumas instituições já oferecem opções inovadoras, como utilizar o carro como pagamento na compra de imóveis, em parceria com as incorporadoras.
Para saber mais sobre o desempenho do mercado imobiliário, confira este artigo e entenda as expectativas para os próximos meses no setor.
Entenda o desempenho do mercado imobiliário nos primeiros meses de 2023
Para compreender as tendências e perspectivas do setor para o restante do ano, é fundamental olhar para o desempenho do mercado imobiliário nos primeiros meses de 2023.
De acordo com dados divulgados pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), houve um recuo nos números tanto nos lançamentos quanto nas vendas de imóveis no primeiro trimestre de 2023.
No que se refere às vendas, foram comercializadas 72.988 unidades residenciais entre janeiro e março de 2023, representando uma queda de 9,2% em comparação ao mesmo período do ano anterior e de 5,2% em relação ao último trimestre de 2022. Apenas a Região Norte apresentou um cenário positivo, com um avanço de 6,1%.
Quanto aos lançamentos, houve uma tendência negativa em todas as regiões do país. Foram lançadas 48.554 unidades residenciais, uma queda de 30,2% em relação ao primeiro trimestre de 2022 e de 44,4% em comparação com o período de outubro a dezembro de 2022.
Esse recuo pode ser atribuído, em grande parte, às condições macroeconômicas, especialmente a taxa básica de juros, que se mantém em 13,75% ao ano desde agosto de 2022.
Os indicadores relacionados ao programa Minha Casa, Minha Vida também apresentaram queda. Os lançamentos tiveram uma redução de 41,8% em comparação ao mesmo período do ano passado, enquanto as vendas registraram uma diminuição de 38,4%.
Apesar dos indicadores negativos, o presidente da CBIC, José Carlos Martins, destacou que o setor não enfrenta falta de demanda nem de estoque, o que pode indicar uma estabilidade no mercado imobiliário.
No contexto de locação, os resultados têm sido extremamente positivos para os investidores. No primeiro trimestre de 2023, o valor médio das locações residenciais no Brasil apresentou um aumento de 4,63%, de acordo com o Índice FipeZap+.
Essa variação é duas vezes maior do que a inflação oficial acumulada no mesmo período, que foi de 2,09%. Em contrapartida, o IGP-M, utilizado para reajustar a maioria dos aluguéis no país, registrou um aumento de apenas 0,2% nos três primeiros meses deste ano.
No acumulado dos últimos 12 meses, o preço das locações residenciais teve uma alta nominal de 17,2%, sendo a maior variação para um período anual desde dezembro de 2011, quando se iniciou a série histórica do indicador.
Saiba quais as expectativas para o segundo semestre
As expectativas para os próximos meses no mercado imobiliário também levam em consideração a influência da Selic e as projeções do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). Segundo Marcos Kahtalian, da Brain Inteligência Estratégica, a Selic em 13,75% ao ano tende a frear o crescimento do setor imobiliário. No entanto, há expectativa de que o Copom inicie a redução da taxa básica de juros a partir de agosto ou setembro, o que pode incentivar linhas de crédito, empréstimos e financiamentos, incluindo os imobiliários.
Ainda que o Copom tenha mantido a Selic em 13,75%, o comitê não sinalizou a possibilidade de aumento na próxima reunião, o que foi interpretado pelo mercado como um sinal de possível redução da taxa.
Embora o Brasil ainda enfrente pressão inflacionária, o cenário de recuperação econômica aumenta a expectativa de queda da Selic nos próximos meses.
No mercado imobiliário, a previsão é de aquecimento especialmente para imóveis com valores a partir de R$ 250 mil, incluindo os imóveis do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida.
A perspectiva de queda da taxa de juros nos próximos meses indica que o segundo semestre também pode ser um momento oportuno para investir em fundos imobiliários.
Com o fim do ciclo de aperto monetário, os ativos de renda variável, como os Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs), tendem a se tornar mais atrativos em comparação aos investimentos de renda fixa, que possuem sua rentabilidade vinculada aos juros e à inflação.
Outro aceno positivo vem das projeções do Boletim Focus, elaborado pelo Banco Central. Apesar da manutenção da taxa básica de juros em 13,75%, o BC manteve suas estimativas de que a Selic poderá encerrar o ano em 12,25%, representando uma redução de 1,5 ponto porcentual até dezembro.
Essa possível queda da taxa certamente vai impulsionar o mercado imobiliário nos próximos meses. Gostou deste conteúdo? Acompanhe o nosso blog e fique por dentro das principais atualizações do setor!